Saúde Reprodutiva
Interrupção voluntária da gravidez
Índice
Se tiveste algum acidente em que o preservativo rebentou ou saiu com um cliente e achas que podes estar grávida, é aconselhável fazeres um teste de gravidez.
Se o resultado for positivo, podes, se quiseres, recorrer à interrupção voluntária da gravidez até às 10 semanas. Este procedimento é gratuito e, quando realizado em meio hospitalar e com acompanhamento médico, é bastante seguro.
Quando é que corro o risco de engravidar?
Corres o risco de engravidar se:
- Tiveste relações sexuais sem proteção e não tomaste a pílula do dia seguinte. É importante saberes que existem dias do ciclo em que a probabilidade de engravidar aumenta (dias que antecedem a ovulação e o dia da ovulação). Procura aplicações como “O meu calendário“ que te podem ajudar a controlar o ciclo;
- Apesar de teres utilizado proteção, aconteceu um acidente (o preservativo rebentou ou saiu);
- Não usas qualquer método contracetivo;
- Usas pílula contracetiva, mas esqueceste-te de tomar ou estás a fazer algum tipo de medicação que corta o seu efeito (antibióticos ou medicamentos antiepiléticos, por exemplo);
- Tomaste a pílula do dia seguinte, mas a menstruação continua atrasada e os sintomas persistem.
Índice
Principais sintomas de gravidez
Os principais sintomas de gravidez são:
- Ausência de menstruação (amenorreia);
- Dor mamária;
- Enjoos e vómitos;
- Alterações de humor.
Como fazer a IVG?
Se tens um teste de gravidez positivo, mas não queres prosseguir com a gravidez, podes fazer uma interrupção voluntária da gravidez (IVG).
Esta intervenção pode ser realizada em estabelecimentos de saúde oficiais ou oficialmente reconhecidos, de forma gratuita. Basta recorrer a um hospital onde serás acompanhada devidamente durante todo o processo.
Se és migrante e estás em situação irregular, podes também fazer uma IVG de forma legal e sem custos.
Podes obter mais informação sobre os hospitais da tua área de residência através do SNS 24 – 808 24 24 24.
A IVG é legal em Portugal desde 2007 e é um processo que dá opção a qualquer mulher grávida, maior de 16 anos, de realizar um aborto induzido até às 10 semanas, apenas por sua vontade.
A Lei n.º 16/2007, de 17 de abril, faz o enquadramento do acesso à IVG em Portugal. Até esta data, o aborto induzido só poderia ser aplicado em situações muito específicas como:
- Risco de vida para a mulher;
- Malformação fetal;
- Gravidez após “crime contra a liberdade e autodeterminação sexual da mulher”;
- Lesão grave e duradoura para a saúde mental ou física da mulher.
Após a realização do refendo nacional foi também incluída a possibilidade de se recorrer à IVG a pedido da mulher e apenas por sua vontade até às 10 semanas.
O que é a IVG e quais as etapas?
A interrupção voluntária da gravidez (IVG), ou aborto induzido, é um procedimento que interrompe a gravidez de forma segura e com poucos riscos para a mulher, sendo composto por 4 etapas:
- Consulta prévia: altura em que é confirmado, através de ecografia, o tempo de gestação. X médicX informa a mulher sobre os diferentes métodos para a IVG e os possíveis riscos que podem decorrer do procedimento.
- Período de reflexão: neste período, nunca inferior a 3 dias, a mulher decide se deseja ou não prosseguir com a IVG. Se assim o quiser, pode solicitar também apoio psicológico e social que a ajude a ultrapassar este procedimento da melhor forma.
- Realização da IVG: é efetuada segundo o procedimento indicado pelX médicX (que pode ser medicamentoso ou cirúrgico). Nesta consulta é entregue e assinado o consentimento livre e esclarecido.
- Consulta de controlo: através de exames é confirmada a interrupção e expulsão completa da gravidez e garante-se que não existe nenhuma complicação ou infeção decorrente da IVG. Pode ser agendada uma consulta de planeamento familiar.
Se após o procedimento tiveres algum/alguns destes sintomas:
- Hemorragia forte
- Dor intensa e persistente
- Febre acima dos 38º
- Sintomas de gravidez
Contacta X médicX responsável pela IVG o quanto antes.
Que métodos existem?
Na consulta prévia, X médicX deve comunicar quais os procedimentos existentes e qual o método clinicamente mais adequado ao teu caso, para que possas decidir.
Existem dois métodos, abaixo explicados.
Método não cirúrgico ou medicamentoso
Os métodos não cirúrgicos, menos invasivos, evitam o uso de anestésicos e conferem maior privacidade à utente, porque o esquema pode ser concluído em casa. Além disso, têm provado ser bastante seguros com resultados semelhantes aos cirúrgicos.
Estes métodos são os preferencialmente escolhidos nos sistemas públicos de saúde. O procedimento recomendado pela Organização Mundial de Saúde consiste na toma de dois medicamentos:
- No primeiro dia, o mifepristone (interfere com o prosseguimento da gravidez);
- Dois dias após, o misoprostol (aumenta as contrações uterinas e contribui para a expulsão).
Caso se trate de uma gravidez ectópica (fora do útero), este esquema deve ser substituído pelo método cirúrgico.
Como desvantagem, o método medicamentoso pode dar origem a hemorragia mais abundante e mais dores.
Método cirúrgico
Este método consiste na aspiração ou curetagem do conteúdo uterino (através do colo do útero) com recurso a uma sonda.
O método mais escolhido é a aspiração por vácuo, por ser o que demonstra maior eficácia. A curetagem é menos segura e tem uma taxa de complicações superior.
A anestesia pode ser local ou geral, no entanto, deve ser preferida a anestesia local, porque esta acarreta menos riscos, causa uma hemorragia menor e diminui o tempo de recobro.
Cerca de 3 a 4 horas antes do procedimento, é administrado, via oral ou vaginal, um medicamento (misoprostol) que prepara o útero, aumentando a dilatação do colo.
Este método deve ser utilizado nas situações em que o método medicamentoso acarreta riscos para a paciente, nomeadamente nos casos de:
- Gravidez ectópica;
- Insuficiência suprarrenal ou hepática grave;
- Asma grave;
- Alergia aos medicamentos;
- Outros riscos identificadas pelX médicX.